Recomeçar. Uma palavra que inspira medo e esperança ao mesmo tempo, num sentimento ambíguo tão típico do ser humano.
Recomeçar significa estar exposto aos mesmos erros e perigos já vividos, poder ser enganado novamente, sofrer decepções e todos os riscos que implicam o fazer um novo trajeto. Se a perspectiva for só por esse ângulo, realmente é de se temer o recomeçar.
Ocorre que o medo turva os olhos, restringe horizontes, esconde as oportunidades. Recomeçar é dar uma nova chance à vida, chance de fazer melhor, corrigir erros, aprender, evoluir. Recomeçar é ter uma – ou várias – páginas em branco, esperando que nela escrevamos uma nova história, aquela em que somos os autores e podemos criar cenários e enredos.
Recomeçar como recomeçam as árvores toda primavera, vestindo de verdes os galhos queimados pelo frio o inverno. Recomeçar.
É preciso coragem, força e uma dose de imprudência. Sim, essa imprudência que fazia Santos-Dumont arriscar-se pelos céus, que fez Vasco da Gama atirar-se por mares “nunca dantes navegados”. Imprudência dos amantes que se esquecem do mundo e das convenções em nome do sentimento.
Andar por novos caminhos, conhecer outras gentes, ver novos lugares. “A beleza das coisas e das gentes não está nelas, mas nos olhos de quem vê”, repete Lobato insistentemente ao meu ouvido. E repete ainda a frase que sempre dizia ao Rangel: “A coisa que menos me mete medo é o futuro”. Grande Lobato, você tem razão.
Renascer. Reviver. Reinventar.
Recomeçar.
O caminho está nos esperando.